«A forma de inovar em proteção das plantas mudou»

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Ronan de Hercé, Diretor Geral da Syngenta em Portugal e Espanha, participou na cerimónia de apresentação da CropLife Portugal, em Oeiras
Ronan de Hercé, Diretor Geral da Syngenta em Portugal e Espanha, participou na cerimónia de apresentação da CropLife Portugal, em Oeiras

Ronan de Hercé, Diretor Geral da Syngenta em Portugal e Espanha, explica que a forma de inovar na indústria fitofarmacêutica mudou, inclui soluções biológicas, ferramentas digitais e produtos químicos, ao serviço de uma agricultura mais eficiente, rentável e ecológica.

Foi criada a Syngenta Europa. Haverá mudanças no negócio da companhia?

As mudanças na companhia são sobretudo internas. Da anterior orgânica – Syngenta EAME- Europa, África e Médio Oriente – saíram as unidades de negócio África e Rússia, mas a Ucrânia manteve-se. A Syngenta Europa dá uma dimensão e um foco distintos à Região, e isso permitirá que nos concentremos nas inovações que acreditamos poder disponibilizar aos agricultores europeus.

Vivemos um momento de transição na Europa. As metas da Estratégia do Prado ao Prato mantêm-se, mas a retirada da proposta de revisão da Diretiva do Uso Sustentável dos Pesticidas parece indicar mudança nas políticas. Como é que a Syngenta encara o futuro da agricultura na Europa?

Os objetivos de longo prazo da Estratégia do Prado ao Prato mantêm-se, apesar de a revisão da Diretiva do Uso Sustentável dos Pesticidas estar parada, porque a Senhora Ursula von der Leyen, reconhecendo que o debate estava demasiado polarizado e sem acordo possível, decidiu suspender a proposta de revisão da Diretiva. 

No futuro, a UE deverá percorrer um caminho mais cauteloso e com maior consideração pela avaliação do impacto desse caminho. Porque, na hora de votar, muitos países desconheciam o impacto da revisão. Nós somos a favor de que cada agricultor em cada país da UE conheça o impacto do caminho que for escolhido. Este tema esteve na ordem do dia nos protestos dos agricultores por toda a Europa, eles temem pela falta de competitividade com outras regiões do mundo.

Na Syngenta continuaremos a desenvolver inovação que tenha uma alta probabilidade de ser adotada pelo agricultor a um preço razoável. A forma de inovar mudou, hoje vai além dos produtos fitofarmacêuticos, inclui também soluções biológicas, biotecnologia e ferramentas digitais. O futuro passará pela conjugação destas inovações.

Os produtos fitofarmacêuticos fazem parte da equação, mas terão de ter um perfil mais amigável, para serem utilizados a baixa dose, em conjunto com ferramentas de agricultura de precisão, e isso requer uma tecnologia (formulação) distinta da atual.

Cropwise é a plataforma de agricultura digital da Syngenta que chega agora ao mercado português. Que benefícios traz aos agricultores?

Cropwise permite um uso mais rentável dos fatores de produção. Através da digitalização da exploração agrícola, o agricultor consegue medir muito mais coisas, nomeadamente, o estado dos solos e das culturas, bem como o nível da população das pragas. Toda esta informação, que é recolhida através de imagens de satélite, scanners do solo e armadilhas digitais, passa por um algoritmo de previsão que a analisa conjuntamente com dados climatéricos e de histórico, indicando se o agricultor deve ou não tratar a cultura, em que locais da parcela e com que dose de produto. Com a ajuda da Cropwise, o agricultor passa a fazer os tratamentos de uma forma muito mais informada e rentável.

Quem são os Agcelerators?

Quisemos valorizar e pôr em evidência, através de uma campanha de comunicação, os colaboradores da companhia que estão a contribuir ativamente para acelerar a inovação a vários níveis. Agcelerators é um movimento iniciado pela Syngenta Europa, combinando agricultura com inovação para impulsionar uma mudança coletiva para métodos agrícolas mais eficientes, rentáveis e ecológicos.

Como vê o futuro do negócio da Syngenta em Portugal?

Em Portugal temos um histórico de muitos anos, encanta-me trabalhar com a equipa portuguesa nos escritórios de Lisboa e visitar clientes pelo país. Vê-se todo o ADN da Syngenta na nossa equipa em Portugal que é muito forte tecnicamente, trabalha com paixão e numa relação de grande confiança com os nossos clientes. Por isso, não mudaremos uma vírgula na nossa forma de trabalhar, a não ser Agcelerar. 

O bom de Portugal é a diversidade de culturas agrícolas que tem, além de um sentido muito pragmático, de que também é exemplo o lançamento da CropLife Portugal, um projeto já tão sólido com tão pouco tempo de preparação.