Alternariose em Tomate

Alternaria solani Keissl

Alternariose

A alternariose é uma doença causada por um fungo e é muito possivelmente a doença que mais facilmente e frequentemente podemos encontrar numa parcela de tomate, em qualquer zona de produção do mundo. Ao contrário do míldio, é uma doença que todos os anos, ainda que pontualmente, encontra condições para se desenvolver.

Sintomas e Danos

É uma doença que ataca toda a parte aérea da planta e em todos os estados de desenvolvimento da cultura, podendo por vezes ter por origem uma infecção no viveiro de produção de plântulas. Esta doença normalmente não causa danos que levem à destruição total da cultura, no entanto o não controle da mesma pode conduzir a quebras de produção mais ou menos elevadas e a alguma depreciação qualitativa dos frutos.

Os primeiros sinais da presença da doença são visíveis nas folhas mais velhas, manifestando-se por um conjunto de pequenos pontos de cor castanha ou negra. O tecido que rodeia a lesão pode formar um halo amarelo. Estes pontos necróticos rapidamente aumentam de tamanho e quando atingem um diâmetro de cerca de 6 mm é possível distinguir-se anéis concêntricos. A alternariose afecta também as inflorescências, o que pode conduzir a uma elevada incidência de abortamentos florais, com consequências óbvias a nível produtivo.

A presença da doença na fase final do desenvolvimento do tomateiro pode provocar uma elevada desfoliação e consequentes escaldões do fruto por elevada exposição deste ao sol. A infecção em frutos verdes ou maduros ocorre através da sua inserção no cálice, os frutos afectados apresentam manchas negras concêntricas deprimidas que podem representar uma área mais ou menos extensa.

Biologia e Epidemiologia

A alternaria solani Keissl sobrevive entre as épocas de produção de tomate nos restos da cultura, no solo e nas sementes. O agente patogénico pode permanecer viável no solo na forma de micélio, conídeos ou clamidósporos. Em zonas de produção com o clima do nosso país este fungo pode sobreviver em plantas de tomate espontâneas e outros hospedeiros da família das solanáceas como a batateira, a beringela, a erva-moira, etc.

Os conídeos, podendo formar cadeias de até 11 unidades, caracterizam-se por serem altamente resistentes a baixos níveis de humidade, podendo permanecer viáveis por até dois anos nestas condições. As primeiras infecções nos tomateiros ocorrem por fungos do solo aquando de elevada pluviometria ou excessiva irrigação, conjugada com temperaturas altas. Nestas condições os conídeos germinam e infectam as plantas rapidamente, podendo o fungo penetrar directamente pela cutícula ou através de estomas e feridas. A colonização é intercelular, invadindo tecidos do hospedeiro, e provoca alterações em diversos processos fisiológicos, que se exteriorizam na forma de sintomas. Em condições de campo, as lesões surgem 3 a 5 dias após a inoculação, todavia em condições controladas, pontuações negras podem ser verificadas 24 horas após a inoculação. Quando as lesões foliares têm um diâmetro aproximado de 3 mm, o fungo começa a produção de conídeos. O orvalho intenso ou as chuvas persistentes são necessárias para que ocorra uma esporolação abundante. A disseminação dos conídeos ocorre por intermédio da água, vento, trabalhadores, equipamentos, insectos e pelo contacto e atrito entre folhas sadias e infectadas.

Condições Favoráveis à Doença

A alternaria solani Keissl é um fungo que não é muito exigente em temperatura e que necessita de apenas alguma humidade relativa, bastando precipitações de 5 mm ou orvalhos intensos com temperatura atmosférica de 18 a 29ºC. A germinação dos conídeos pode ocorrer a temperaturas de 6 a 34ºC sendo óptima a é de 28-29ºC.