Sogrape no caminho sustentado para a Agroecologia

Sustentabilidade
Cobertura do solo

A Sogrape alia Ciência e Agroecologia na gestão da viticultura, contando com a parceria da Syngenta na proteção e conservação do solo, da água e da biodiversidade, através dos projetos Heliosec e Operation Pollinator.

“A Sogrape caminha no sentido dos princípios da Agroecologia, conforme definida pelo Organização para a Agricultura e Alimentação das Nações Unidas (FAO)”, explica António Graça, diretor do Departamento de Investigação e Desenvolvimento da Sogrape, uma das mais proeminentes empresas portuguesas do setor vitivinícola, proprietária de 1019 hectares de vinha, 619 dos quais na Região Demarcada do Douro.

Segundo a FAO, a agroecologia é uma abordagem holística e integrada que aplica simultaneamente conceitos e princípios ecológicos e sociais à conceção e gestão de sistemas agrícolas e alimentares sustentáveis. Procura otimizar as interações entre plantas, animais, seres humanos e o ambiente, enquanto aborda a necessidade de sistemas alimentares socialmente equitativos.

Práticas de conservação do solo e da água

A Sogrape aplica já grande parte dos 10 elementos da Agroecologia, sendo a conservação do solo e da água um pilar na gestão das suas vinhas. Antes de iniciar uma nova plantação, a empresa recorre a análises de alta resolução (5 cm) da encosta e dos fluxos naturais de água e sedimentos, por forma a otimizar o desenho da vinha para uma regular drenagem das águas da chuva, minimizando a erosão do solo e o risco de deslizamentos de terra. Na mesma lógica, o revestimento de taludes de patamares com espécies arbustivas autóctones e a manutenção de zonas de mato natural nas linhas de água ajudam a reter a água no solo e a reduzir a erosão e constituem valiosas zonas de abrigo para a fauna.

Nas vinhas da Sogrape há muito que não se vê solo nu, é prática corrente a instalação de cobertos vegetais temporários nas entrelinhas, contribuindo estes para a conservação da água no solo, a reciclagem dos nutrientes e a redução da erosão, além de aumentarem o sequestro de carbono. Desta forma, o ecossistema agrícola torna-se mais eficiente e mais resiliente aos fatores de stress, sejam eles ataques de pragas ou fenómenos climáticos extremos.

Heliosec – uma solução eficiente para gerir os restos de caldas

No capítulo da proteção do solo e da água, a Sogrape conta o apoio da Syngenta, através do Heliosec, um inovador sistema de gestão de efluentes fitofarmacêuticos, que elimina definitivamente os restos das caldas resultantes dos tratamentos das fitossanitários das vinhas, protegendo o ambiente de potenciais contaminações.

Nos últimos anos, a Sogrape instalou três destes equipamentos nas suas quintas da Região Demarcada do Douro (RDD), o mais recente na Quinta do Sairrão, em São João da Pesqueira. Os benefícios para o ambiente são vários, conforme descreve António Graça: “redução do volume da água perdida em efluentes, redução da toxicidade dos efluentes agrícolas e redução dos volumes totais de efluentes agrícolas”, acrescentando que “para as condições meteorológicas da RDD, o Heliosec é uma solução eficiente, económica e com reduzido impacto ambiental”. Em 2023,a Sogrape prevê instalar mais dois Heliosec em duas das suas quintas no Douro.

"O Heliosec é uma solução eficiente, económica e com reduzido impacto ambiental”, António Graça, diretor de I&D Sogrape

Os tratamentos das vinhas são planeados e posicionados de modo a garantir o controlo eficaz das pragas, doenças e infestantes, com o mínimo impacto no meio ambiente. A equipa de Viticultura da empresa monitoriza o estado das plantas através de deteção remota, recorre a modelos de previsão de míldio e oídio (desenvolvidos pela ADVID com os seus associados) e usa armadilhas para insetos, de modo a tratar as vinhas apenas quando e onde é estritamente necessário. Há mais de 20 anos que toda a área de vinha do grupo Sogrape está certificada em Proteção Integrada.

Heliosec instalado na Quinta do Sairrão, em São João da Pesqueira. Na foto, a responsável de Viticultura na Quinta do Sairrão, Ivone Tomás, e o responsável de Viticultura para a região do Douro na Sogrape, José Manso.
Heliosec instalado na Quinta do Sairrão, em São João da Pesqueira. Na foto, a responsável de Viticultura na Quinta do Sairrão, Ivone Tomás, e o responsável de Viticultura para a região do Douro na Sogrape, José Manso.

A empresa participa em vários projetos de investigação, nacionais e europeus, testando nas suas vinhas soluções e tecnologias inovadoras rumo a uma viticultura mais rentável e sustentável. Um desses projetos – o COPPEREPLACE – visa encontrar alternativas eficazes que substituam a utilização do cobre nas vinhas. “Realizamos um investimento contínuo em projetos de I&D, geração de conhecimento e em partilha de boas práticas com outros produtores e o público em geral”, explica António Graça. Desta forma, a empresa cumpre mais um dos princípios da Agroecologia: criação conjunta e partilha de conhecimento.

Gestão vitícola recuperadora de biodiversidade

A Sogrape orgulha-se levar a cabo uma “gestão vitícola recuperadora de biodiversidade” e faz questão de a dar conhecer aos muitos turistas que visitam as suas quintas, tendo para isso criado um trilho educativo sobre biodiversidade que sensibiliza e conquista os consumidores para a necessidade da sua conservação. Quem percorre este trilho observa os abrigos para morcegos, predadores naturais de pragas da videira como a traça-da-uva, os abrigos para pássaros e, num olhar mais atento, apercebe-se do pulular de vida nos corredores ecológicos, instalados com espécies arbustivas autóctones ao longo das estradas das quintas, para permitir a movimentação da biodiversidade pelo meio da zona de cultivo e a ligação entre as unidades paisagísticas.

Percurso da biodiversidade  Quinta do Seixo

A Sogrape aderiu ao programa Operation Pollinator, programa internacional da Syngenta para proteção dos polinizadores e estímulo da biodiversidade na agricultura. “No âmbito deste projeto, a Sogrape instalou um conjunto significativo de sebes com espécies arbustivas autóctones que foram monitorizadas quanto à presença de polinizadores durante dois anos. Essas sebes mantiveram-se após o fim do projeto e fazem hoje parte das infraestruturas ecológicas da propriedade”, conta o diretor do Departamento de Investigação e Desenvolvimento da empresa.

A Sogrape aderiu ao programa Operation Pollinator

Outra das ações de conservação muito relevantes na Sogrape, e para a Região Demarcada do Douro, é a reconstrução de muros de pedra seca. Estas são um património de elevado valor paisagístico e uma peça fundamental na conservação da biodiversidade e do solo, já que reduzem o risco de erosão, as perdas por escorrência superficial e os deslizamentos, permitindo uma maior infiltração da água e o reabastecimento dos cursos de água. Para perenizar o saber-fazer a ADVID lançou recentemente um Guia de Construção de Muros de Pedra Seca.

E porque a maior riqueza da viticultura portuguesa são as nossas castas autóctones, a Sogrape conserva castas de videira ancestrais em talhões experimentais, alguns dos quais contendo uma amostra representativa da diversidade genética total da casta, como é o caso da Touriga Nacional, com 197 clones, e do Moscatel Galego, com 200 clones. Cumpre desta forma, uma vez mais, o princípio da Resiliência e outro não menos importante na Agroecologia: preservar a Cultura e as Tradições Alimentares.